sábado, 21 de maio de 2016

Quietude



Capacidade em extinção,
E rara de ser encontrada;
Eis a pérola de distinção,
Acintosamente ignorada.

Os sons potencializados,
Invadem na intimidade,
Espaços tão silenciados,
Com perversa maldade.

Impõem ritmos e ruídos,
Para deletério consumo,
Mas enchem de zunidos,
O abscôndito do aprumo.

Como droga entorpecente,
Aquietam o discernimento,
E o alucinógeno da mente,
Produz um falso unguento.

Sem tempo para ponderar,
Nem momento para aferir,
O modo dos atos perpetrar,
Aponta-se o vazio do porvir.

Mesmo conectados com tudo,
Calam-se as vozes da amizade,
E nos ruídos que abafam tudo,
Fica negligenciada a lealdade.

No imperialismo da tagarelice,
Anula-se a capacidade taciturna,
E na aparente e festiva faceirice,
Os decibéis causam vida soturna.

Na invasão do icônico-musical,
Degrada-se até o ato religioso,
Pois sua prosternação radical,
Humilha de modo estrepitoso.







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