quarta-feira, 18 de maio de 2016

Interpretações do agir de Deus

Interpretações do agir de Deus

·       Informo aos que costumam acessar este BLOG, que um efeito ou sequela da virose de Chikungunya, no início de janeiro passado, afetou minha visão, por alguns meses, com grave infecção viral e que se tornou resistente aos antibióticos. Sem condições de exercer a atividade em Várzea Grande, pedi afastamento das funções que exercia por lá e, no atencioso desvelo do bispo Dom Vital, encontro-me na paróquia Sagrada Família da cidade de Nova Mutum - MT, como vigário paroquial. Graças a Deus, nesta semana já me sinto livre da virose, e, mesmo com a visão limitada por lesões nas córneas, ainda não completamente cicatrizadas, volto novamente a ler e escrever, além de me sentir de bem com a vida.
         O povo da Bíblia usava diferentes termos para expressar a experiência do agir de Deus. Ao mesmo tempo em que percebia Deus como mistério totalmente outro e além da condição humana, sentia sua proximidade sob a forma de um espírito ou de uma força motivadora e alentadora na vida das pessoas e das comunidades.
            Mais tarde, recorreu à palavra “sabedoria” como termo que melhor aproximava à constatação do que experimentava da ação deste Deus de amor.
            Na manifestação de Jesus Cristo, o agir de Deus passou a ser assimilado como “Palavra”, porque a fala de Jesus revelava à condição humana o quanto este Deus queria bem às pessoas humanas.
            No discurso teológico criou-se a palavra “Trindade” para resumir as três grandes formas de manifestação do amor de Deus, experimentado por pessoas em momentos e modos distintos. O mesmo Deus bom envolveu grupos humanos em seu amor, de formas bem explícitas: seu Espírito foi sentido; sua sabedoria foi reconhecida como algo extraordinário e encantador e tudo quanto manifestou em Jesus de Nazaré acabou ratificando de forma ainda mais explícita a certeza de que Ele nos quer muito bem (Não é um castigador vingativo e chantagista, um ameaçador em torno da demonização de tudo e muito menos um formalista de exigências das incontáveis regrinhas de submissão). Jesus tanto manifestou o espírito de Deus, quanto sua sabedoria e quanto seu desejo de que vivamos bem. Portanto, abriu perspectivas de redenção e de salvação!
            Assim, a atribuição da Trindade de Deus, mais do que assunto para persuadir e convencer, é constatação de síntese de como manifestações do bem-querer de Deus à condição humana foram experimentadas: modos de Deus nos envolver e nos apontar um itinerário de vida mais satisfatória.
            Infelizmente sob o conceito “Palavra”, ainda que se refira a Jesus Cristo, abusa-se do discurso do controle e da submissão das pessoas para interesses religiosos e ideológicos. Assim, a palavra fica restrita ao intimismo de piedades, de conversas interesseiras para dobrar Deus. Já não se cria condições para o difícil caminho da escuta ou da espiritualidade para um modo agir que Deus manifestou em Jesus Cristo.
            Até mesmo a saturação do uso e do abuso da “Palavra”, mencionada exaustivamente por pregadores religiosos, tende a matar a capacidade do diálogo com Deus para restringir-se a mero instrumento de alargamento do controle de pessoas para interesses bem distantes do Espírito, da Sabedoria e da Palavra de Deus.


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