quarta-feira, 25 de maio de 2016

Fonte da escuta



Atordoados por estimulação imensurável,
Da cultura que satura com informações,
Anula-se o filtro de grandeza inestimável,
Que é o silêncio para nortear as decisões.

Este fogo abrasador de raios reluzentes,
Que clareia o caminho e firma o sentido,
Leva a captar dos anseios mais ardentes,
Do que eleva para além do pressentido.

Quando quase tudo é submetido ao ruído,
O silêncio aparece como alarde aterrador,
Que desvela todo o submundo denegrido,
Anestesiado pelo ostracismo consumidor.

A diversão, o espetáculo e a velocidade,
Exorcizam o silêncio como monstro voraz,
E disfarçam dor, o vazio e toda crueldade,
Na corrida da alucinação do delírio fugaz.

No prurido colonizador das consciências,
Abafa-se o silêncio de rara peculiaridade,
Pela sedução de publicitárias indecências,
Consagradas como caminho de felicidade.

A ternura, a gratuidade e a benevolência,
Já distantes da sabedoria do bom senso,
Acabam evadidas da humana consciência,
Sem arrostar a prodigalidade de consenso.



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