segunda-feira, 20 de setembro de 2021

O REVERENDO

 

Da dignidade de reverência,

Sobrou a estranha sofrência,

E sua roupagem anacrônica,

Enseja imagem histriônica.

 

A perda do sentido religioso,

Volatizou o perfil prodigioso,

E ele se vê na beira do inútil,

Como um produto social fútil.

 

Formatado numa visão arcaica,

Distante da interação prosaica,

Vagueia na beirada da solidão,

Claudicante na dura sequidão.

 

Seu destacado papel religioso,

Deixou de ser algo prestigioso,

E o sentimento de frustração,

O direciona para a prostração.

 

Neste mundo desencantado,

Surge tentação por todo lado,

Para compensações afetivas,

E as ambíguas fugas lenitivas.

 

Preso a formalismo religioso,

Vê seu espaço tão fastigioso,

Evaporar-se sem deixar sinais,

A levar suas motivações vitais.

 

A velha razão de cristandade,

Já não desperta sua lealdade,

Porque seus parceiros de lida,

Sequer inovam razão de vida.

 

Tentação de recuperar poder,

Não aponta digno transcender,

E nem regurgitação integrista,

Assegura uma plausível pista.

 

Luz da espiritualidade autêntica,

Aponta-lhe uma realidade ôntica,

Para ser discípulo do crucificado,

E com ele deixar discreto legado.

 

Sem proezas de dominar massas,

Procura nas origens novas graças,

Para vivenciar uma rica tradição,

Para ínfimos sinais de redenção.

 


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