domingo, 13 de novembro de 2022

TERNURA

 


Mais apreciada do que ouro,

E já tão rara quanto tesouro,

Sentimento evadido da vida,

Pouco afeta a cotidiana lida.

 

Muita forma terna e meiga,

Derreteu como a manteiga,

Passada sobre pão quente,

Do pensamento irreverente.

 

A defesa ideológica fascista,

Gestou mobilização idealista,

Para os privilégios de poucos,

Ante a multidão de amoucos.

 

Incitados ao ódio excomunal,

Os amoucos criaram tribunal,

Para julgar supostos inimigos,

E assegurar direitos a amigos.

 

Laços de parentesco e de afeto,

Ruíram ante um novo dialeto,

Do ódio mordaz a insubmisso,

Dum golpe militar de enguiço.

 

Enquanto amoucos vociferam,

Seus mentores só reverberam,

Esperando o bote envenenado,

Para reaver status privilegiado.

 

Enquanto isso a ternura fenece,

E a imensidão de gente padece,

A ver rispidez esfalfar meiguice,

E carinho relegado por sovinice.

 

Até o trato afetuoso cotidiano,

Já enterrado por coveiro insano,

Ficou esquecido e relativizado,

Sem elã para pressuroso legado.

 

 

 

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