segunda-feira, 1 de novembro de 2021

MORTE

 

Tão evidente e indesejada,

Gera reação não planejada,

E remete a olhar atencioso,

Para o ato de fé auspicioso.

 

Mais que lógica e evidente,

Indica na situação iminente,

O horizonte para a angústia,

Como contagiante moléstia.

 

Revela a total incapacidade,

Da aquilatada religiosidade;

Desperta raiva com tristeza,

E desampara, sem presteza.

 

Produz tanta dor e lamento,

Sem fornecer deferimento,

Para esticar amarga penúria,

Mesmo com sofrida lamúria.

 

Produz clamores insistentes,

Com desejos muito ardentes,

Para a protelação do colapso,

Ante o tão esmilingüido lapso.

 

Desperta medo tão aterrador,

Dum julgamento perpetrador,

A dizer que escolhas na vida,

Desviaram a rota pretendida.

 

Evidencia a condição humilde,

Do valente e enganoso molde,

Que preteriu a relação fraterna,

E roubou a perspectiva eterna.

 

Leva a externalizar o lamento,

Da negação do acontecimento,

Para culpar a maldade de Deus,

Sem admitir um gesto de adeus.

 

Teima-se, então, na barganha,

Da causa desta ação estranha,

Supondo a explicação do fato,

Como solução do estranho ato.

 

No luto passivo fica ignorado,

Um poder que o emaranhado,

Tem para direcionar a atenção,

Visando a dolorosa reinvenção.

 

 

 

 

 

 

 

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