terça-feira, 15 de outubro de 2024

PRAXES HABITUAIS

 

 

Múltiplos hábitos fazem bem à vida,

Oferecem-lhe amparo com guarida,

E dão o doce sabor da estabilidade,

Para se fruir a genuína identidade.

 

Sentado todo dia no mesmo lugar,

Diante da paisagem sem subjugar,

Contemplo o capricho da natureza,

Na sua demonstração de inteireza.

 

Sentar-se no mesmo lugar da mesa,

Servir-se com objetos de singeleza,

Lembram gestos simples e valiosos,

Dos doadores e apreços atenciosos.

 

Assim, café gostoso na velha xícara,

Remete a afeição sem falsa máscara,

E que na sintonia gera ritual festivo,

Que faz valioso o ato comemorativo.

 

Rituais diários advindos dos hábitos,

Sempre voltam a reativar os débitos,

De sentimentos gratos e bons gestos,

Para viver sem intrigas, nem doestos.

 

Sob a doença capitalista da produção,

Reina lida escrava da superprodução,

Que aumenta voracidade hiper-real,

E mata a dimensão simbólica ritual.

 

Sem ritualizações com simbologias,

Prevalecem as fanáticas apologias,

A focar poder e a sua precedência,

Venenos para a razão da existência.

 

Produzir muito para consumir mais,

Torna dias e eventos festivos iguais,

Na rotina obcecada pela felicidade,

De comprar e consumir à saciedade.

 

Hábito cotidiano e variados rituais,

Regam sentido da vida com sinais,

Para elevar na grandeza humana,

Preciosa cordialidade que irmana.

 

 

 

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