Múltiplos hábitos fazem bem à vida,
Oferecem-lhe amparo com guarida,
E dão o doce sabor da estabilidade,
Para se fruir a genuína identidade.
Sentado todo dia no mesmo lugar,
Diante da paisagem sem subjugar,
Contemplo o capricho da natureza,
Na sua demonstração de inteireza.
Sentar-se no mesmo lugar da mesa,
Servir-se com objetos de singeleza,
Lembram gestos simples e valiosos,
Dos doadores e apreços atenciosos.
Assim, café gostoso na velha xícara,
Remete a afeição sem falsa máscara,
E que na sintonia gera ritual
festivo,
Que faz valioso o ato comemorativo.
Rituais diários advindos dos hábitos,
Sempre voltam a reativar os débitos,
De sentimentos gratos e bons gestos,
Para viver sem intrigas, nem doestos.
Sob a doença capitalista da produção,
Reina lida escrava da superprodução,
Que aumenta voracidade hiper-real,
E mata a dimensão simbólica ritual.
Sem ritualizações com simbologias,
Prevalecem as fanáticas apologias,
A focar poder e a sua precedência,
Venenos para a razão da existência.
Produzir muito para consumir mais,
Torna dias e eventos festivos iguais,
Na rotina obcecada pela felicidade,
De comprar e consumir à saciedade.
Hábito cotidiano e variados rituais,
Regam sentido da vida com sinais,
Para elevar na grandeza humana,
Preciosa cordialidade que irmana.
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